teoria do fingimento
o mundo real existe mas temos de o inventar para o ver
retirei esta frase de um filme documental acerca da linguagem cinematográfica de Ruy Guerra, cineasta (brasileiro? o sotaque varia entre o brasileiro e um português sem sotaque regional) que, defende que a realidade é ficcional.
pego neste exemplo para chegar à teoria do fingimento de Fernando Pessoa
(o poeta é um fingidor
finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente) .
de facto, não só o poeta mas todos nós somos fingidores, como já se sabe. a vida é uma peça de teatro, uma ilusão em três tempos: passado, presente e imaginário, num tempo unificado que é o que temos como real. ou seja, no caso da literatura, a ilusão é dupla. temos o autor literário e o autor biográfico, no seu expoente temos a heteronímia, mas nem é preciso chegar a tanto. um exemplo bastante básico e concreto. nesta cadeira, todos escrevemos, e na sua maioria muitíssimo bem, com ideias excelentemente bem definidas e vocabulário literário preciso. os posts estão fantásticos, na minha opinião, pelo menos melhor que os meus. quem estiver de fora pensará que as aulas serão um debate constante. porém isso não acontece... aliás, não sei mesmo quem são a maioria das pessoas que escrevem no blog, pois raramente as (me) oiço falar. isto não significa que não tenham as ideias que escrevem nem que não se saibam expressar. mas, digamos em linguagem banal, no blog sao uma pessoa, ao vivo são outra. são a mesma pessoa mas sao pessoas diferentes. nós e qualquer autor. autor literário vs autor biográfico.
hoje fico me por aqui
ps nota ao professor: peço que na próxima aula explique o que é um leitor ciborgue porque tem pelo menos duas alunas que não vão poder comentar esse assunto pois não chegaram a nenhuma conclusão acerca do que isso possa ser