quarta-feira, maio 02, 2007

A escrita automatizada=Nova forma de arte

As construções feitas pela máquina são pautadas pela perfeição e pela massificação.
Foi graças a elas que conseguiu-se alcançar níveis de produção avassaladores (indústria militar, automobilística, têxtil, etc), e é inimaginável um outro tipo de invenção humana que consiga dar resposta às necessidades cada vez maiores das populações.
No entanto, se a máquina consegue reproduzir com fidedignidade elementos físicos (o carro, independentemente da marca, é sempre um carro), conseguirá ela simular aquilo que é algo bem mais complexo e labiríntico: As nossas emoções?
Pré programada pelo homem, a máquina caracteriza-se por grandes limitações, isto é, é incapaz de sentir emoções. As suas acções são previsíveis, logo as máquinas carecem de uma espontaneidade, apanágio de muitos autores literários.
No entanto, a escrita "non sense" foi uma moda durante alguns períodos, nomeadamente no seio do movimento "beat". Aliás alguns fundadores deste movimento, William S. Burroughs e Allen Ginsberg, recorriam mesmo a um método de (des)construção literário designado "cut-up tecnique" que consistia primeiramente na recolha aleatória de palavras (de diários, jornais, livros), e posteriormente, na tentativa de criar textos com essas palavras.
Com o "cut-up", os textos adquiriam sentidos umas vezes, inenarráveis, outras vezes, intrigantes. A verdade é que influenciaram uma geração, algo comprovativo do desejo dos leitores em descobrir outros modos de leitura diferentes.
Muitos afirmam que a escrita automatizada encontra-se destituída de uma alma.
Na minha opinião, os textos automatizados têm uma alma se os leitores se relacionarem com eles.
A literatura não tem que conter obrigatoriamente, um sentido emocional.
Se a arte surrealista significa algo para muitos, também a escrita automatizada poderá conter um sentido para alguns leitores.