Escrita vs Leitura
A escrita precisa de um sentido para quem lê, pois saber ler não pode ser representar apenas a descodificação dos signos, dos símbolos. Ler é muito mais que isso; é um movimento de interacção das pessoas com o mundo e delas entre si e isso adquire-se quando passa a exercer a função social da língua, ou seja, quando sai do simplismo da descodificação para a leitura e reelaboração dos textos.
A leitura e a escrita têm vindo a ser consideradas duas capacidades linguísticas distintas que devem ser estudadas separadamente. Mas, ler e escrever só existem como relação, entre uma e outra. A escrita está para a leitura como o acordar está para o adormecer, como o dar para o receber. Um acto pressupõe o outro. Os dois actos, juntos, são um só mas ao mesmo tempo mantêm-se separados.
O que quer que escrevamos e onde o fazemos, escrevemos para dar a conhecer ideias a outros. Mas não para qualquer um. Escrevemos com um propósito e com o intuito de atingir uma audiência em particular.
Independentemente do que escrevemos, temos que decidir o que dizer. Temos de escolher palavras e modelar frases, construir ideias sólidas.
Nem todas as palavras, frases e ideias servem - têm que se adequar a um propósito. E para o fazer, precisamos de realizar escolhas. Escolhas no contexto, na linguagem e na estructura.
O conteúdo tem que se adequar ao nosso objectivo. Para narrar, temos que relatar eventos. Para descrever um processo, temos que indicar as etapas desse processo. Para argumentar, temos que prover razões e desenhar conclusões.
A linguagem tem que encaixar nas ideias que queremos transmitir e na própria audiência.
Finalmente, temos que apresentar uma forma coerente do seguimento das ideias.
A escrita e a leitura são processos complementares. A partir do momento em que encontramos, no papel de leitores, significado numa página – o que procuramos e como pensamos à cerca do que encontramos – podemos empregar esse conhecimento como sendo uma vantagem na nossa escrita.