Não duvido que seja possível automatizar a escrita. Afinal de contas, a estrutura de um texto segue regras lógicas que podem ser facilmente reproduzidas por uma máquina. Basta ela “saber” (por “saber” entenda-se “ser programada para:”) utilizar os artigos, substantivos, adjectivos, e um texto novo estará cá fora num instante. Mas… para quê tudo isso?
Um romance ou um poema não são objectos nem máquinas, cuja criação necessite de ser automatizada. Não são bens que temos de criar de forma compulsiva para fazer chegar ao maior número de pessoas num cada vez mais curto espaço de tempo.
Cada texto artístico é uma obra única, individual. Criada num determinado momento seguindo a inspiração individual do seu criador. Uma obra literária é para ser apreciada, vivida, sentida, de forma pontual e honesta e vive da experiência e do sentido que o seu criador lhe pretendeu dar. Ao se automatizar a escrita (e isso implica ser construída por um algo incapaz de lhe interpretar a essência) estamos a criar algo perfeitamente inútil, cujo único interesse, talvez seja o da mera curiosidade.
“Escrever” vai muito para além de um simples exercício de lógica combinatória.
Claro que existe já muita escrita automatizada por parte dos próprios seres humanos. Autores que se portam como autênticas máquinas para cumprir objectivos comerciais. Textos em série criados para serem vendidos aproveitando modas passageiras e sem qualquer essência. Mas isso… é outra estória.