co-autoria mecânica
já analisámos as capacidades criativas dos computadores, comparando-as então ao estilo aleatório das vanguardas do início daquele que é actualmente o século passado. já confirmámos que um computador pode ser autor, com exemplos visionados, se bem que a qualidade dos seus textos está entregue à sensibilidade, subjectividade e espírito crítico de cada um. coloca-se agora a questão: será que poderá ser co-autor, trabalhando lado a lado com aquele que dá como sua uma obra digital? poderá ser co-autor, na medida em que é dele que depende a existência dessa mesma obra tida como digital?
na minha opinião, se o computador pode ser autor, também será co-autor. aliás, é e não é, mas se é um é o outro. aliás vejo os dois pontos de vista. é autor na medida em que, ainda que aleatoriamente e por códigos estabelecidos por outrém, consegue criar um texto. não é na medida em que criou o texto através de vocábulos que esse outrém lhe inscreveu, formatando-o para o fazer de acordo um um determinado código informático. porém, tal como escrevi anteriormente, também nós nos guiamos pelo nosso dicionário mental, que a comunidade social literária nos incutiu, e criamos de acordo com os códigos dessa mesma comunidade...
inicialmente não achei que o computador pudesse ser co-autor, pois o autor humano utiliza meramente o programa de outro humano. logo, a máquina não teria papel nesse trabalho. mas vendo na perspectiva do computador-autor, uma vez que (por exemplo, tal como na última obra digital analisada na aula) a utilização que o computador faz do programa é aleatória, essa utilização é criação sua.
qualquer dia ainda assistiremos a estudos psicanalíticos das capacidades literárias e estéticas dos computadores...