sexta-feira, março 23, 2007

SOS e a espiral do silêncio

Após várias visualizações do poema “SOS”, o resultado é sempre o mesmo: um calafrio percorre o corpo e um arrepio acerca-nos a alma.
“SOS” reproduz um ambiente que inquieta o leitor: as letras flutuam num fundo preto, como se fossem estrelas; ouvem-se sons que fazem lembrar-nos do espaço, da escuridão...
Essas letras, gradualmente, tornam-se palavras, frases, perguntas que levam o leitor a incomodar-se a pouco e pouco...
Na minha opinião, esse mal-estar é produzido pelo medo à solidão e ao silêncio de um indivíduo qualquer, numa sociedade qualquer. Por além disso, a disposição do texto em forma circular, leva-me a lembrar da teoria da espiral do silêncio. Foi a socióloga Élisabeth Noelle-Neumann quem, nos anos 1970, desenvolveu esta teoria. A teoria da espiral do silêncio defendia "o princípio de que o que caracteriza o indivíduo em toda a sociedade humana é o medo do isolamento". Segundo a teoria da socióloga alemã, as pessoas que dentro de uma sociedade mantêm ideias diferentes ás da maioria, optam por ficar calados por medo a serem isolados do resto. Assim, o poema de Augusto de Campos tenta transmitir essa ideia: apresenta-nos o indivíduo, a seguir o próprio indivíduo dentro da sociedade e por último, uma série de perguntas que são respodindas com silêncio...