The Loch Ness Monster’s Song
Realmente a poesia não tem limites...
Edwin Morgan e o seu Monstro do Lago Ness são um dos perfeitos exemplos desta falta de barreiras. No poema que dá título a este meu pequeno texto, deparamo-nos com uma escrita que se distancia largamente do código de linguagem conhecido, portanto a sua leitura é deveras complicada, mas não impossível. Torna-se até interessante pois o leitor é convidado e desafiado a encontrar um sentido, decifrando de certa maneira o código.
Penso que este género de arte tem como objectivo mostrar ao leitor uma outra maneira de ver as coisas, para além das convenções já há muito conhecidas.
Imaginemos que estamos na pele do monstro de Lock Ness, um ser estranho ao quotidiano enfadonho das pessoas, alvo de constantes ataques à privacidade, repetidamente a sermos observados com olhos de “fome”, fotografados por milhares de turistas sedentos de novidade, todos os dias vistos como sendo uma experiência de laboratório. Decerto que nos sentiríamos revoltados e zangados.
Nesta espécie de poema, repleto de elementos onomatopaicos, conseguimos deduzir um sentido no texto: começa e acaba com um suposto som de água, o monstro a emergir do lago e no fim a voltar para o seu habitat. No corpo do poema podemos depreeder que se trata de um diálogo, ou simplesmente de um monólogo, onde a criatura mostra o seu desagrado em relação ao que representa para o mundo exterior – uma exibição!
Esta interpretação é possível pois a maior parte da informação necessária à compreesão deste texto está seguramente no título. Título este que nos direcciona para uma determinada leitura.