sábado, março 17, 2007

À frente, ou dentro do ecrã?


“PoemaBomba”, tal como se nos apresenta, capta a nossa atenção e obriga os nossos sentidos a fixá-lo por momentos. Aos poucos, somos cada uma das letras à espera do momento da explosão, todos nós somos vermelho e “dinamite”... cada vez mais tensos, maiores... cada vez mais atraídos pelo som e movimento, somos poema e somos bomba. Afinal, estaremos à frente do ecrã, ou dentro do ecrã?
Para quê a hipertextualidade? Para quê a substituição da simples palavra impressa por um conjunto de diferentes materialidades digitais? Porque não conservar a expressão “Poema Bomba” num pedaço de papel, apenas? Porque já não basta. Porque as velhas práticas de leitura e de escrita entram em decadência e sofrem sérias alterações com o decorrer do tempo. Gutenberg não faria melhor. É a única forma de as manter activas para as próximas gerações. É que a forma e originalidade que o autor dá à sua obra modificam também os seus receptores.
O insaciável Homem exige de si próprio a criação de novos sentidos para o mundo, que acompanhem as próprias evoluções materiais e tecnológicas.
É assim que o recurso a outras materialidades permite transformar facilmente um poema num ‘corpo’ visivelmente em cólera, em dor, prestes a detonar. Ou um corpo em poema.