ainda na mesma linha
Ainda dentro da temática da evolução do livro, analisámos na última aula uma distinta propriedade do meio digital, não comparável a qualquer outra do manuscrito ou do códice, pois sai da esfera literária para entrar na do progresso técnico. Falámos do processo de remediação, ou seja, de transposição de características específicas de um meio para outro, normalíssimo, pode mesmo neste caso utilizar-se a palavra, nos períodos de evolução/transformação dos mesmos, onde algumas se adaptam, outras se conservam, e outras ainda se transformam. Neste caso particular, o que a Universidade do Texas conseguiu a mais que Gutemberg, foi divulgar a mesma obra sem ter de a copiar. Pura e simplesmente digitalizando-a. Penso que um bom exemplo da remediação, pois mantém-se a obra na íntegra, diferenciando apenas a sua materialidade. Relativamente à materialidade dos textos, tal como foi também discutido, é neste ponto que mais visivelmente se distingue um livro "tradicional", com páginas, capa, peso, toque, um livro palpável, de um livro electrónico, cuja parte física reside somente no próprio computador. De certa forma, pode considerar-se portanto que o livro digital não existe fisicamente, apenas a sua expressão no ecrã. Daí a sua precariedade, pois se algum dia a informática colapsar será como um gigatesco incêndio numa Biblioteca de Babel.