Strings
A poesia visual de Dan Waber introduz-nos uma discussão em argument. Não sabemos o que a motivou, nem a identidade dos personagens. Observamos apenas o desacordo (Yes/ No) através de um fio (string). Cada interlocutor "puxa" a corda para o seu lado, como no jogo de crianças ou como uma partida de ténis. Não sabemos quem tem razão e à primeira vista parece que são capazes de discutir eternamente.
Sucede-se argument2, no qual um inicialmente tímido Maybe (talvez) se vai sobrepondo aos argumentos de um e de outro, até possuir o protagonismo absoluto. O sim (yes) e o não (no) já não são produto do mesmo fio, mas independentes entre si. As ideias flutuam como se nenhum dos dois saiba já quem tem razão.
Quando os interlocutores começam a flirtar um com o outro, na sequência seguinte, supõe-se uma ligação amorosa entre os dois. Em flirt, um novo fio/ string reúne todas as opiniões: o sim, o não e o talvez, numa amálgama de pseudo-letras oscilantes. As opiniões anteriormente contraditórias fundem-se e transformam-se umas nas outras, como se nenhum pretendesse ter razão absoluta. Os amantes (?) cedem progressivamente um ao outro e negoceiam tréguas.
O flirt continua e é visível um yes esfuziante, que rodopia, parece saltar e correr de um lado para o outro do ecrã. Aparenta haver finalmente consenso e felicidade. A expressão seguinte (haha) confirma-o, através de um fio de risos. Haha surge de um dos lados para se desfazer e, de imediato, ser ampliado no lado oposto e assim progressivamente até atingir o clímax ao ocupar todo o fio. No fim, restam um aha e um heh simultâneos em diferentes partes do fio, mas mais próximos do que os haha iniciais. Parece ter havido uma celebração mais íntima, feitas as pazes...
you and me mostra um you (tu) que ocupa o centro do ecrã e que se movimenta lateralmente, enquanto um me (eu) orbita e saltita em seu redor. O "eu" devota a sua atenção e procura simultaneamente atraír o "tu". Este "tu" parece um pouco hesitante. Avança a passos pequenos como se estivesse a avaliar o piso por onde caminha. Apesar de terem resolvido os problemas iniciais, podem existir dúvidas e questões que ainda ficam por resolver e este "tu" está a ser extremamente cauteloso.
Mas arms revela que existe carinho entre os personagens desta poesia em fios. Num abraço simbolizado por "your arms" (os teus braços) e um círculo imperfeito, mas que pode funcionar como elo de ligação, os dois amantes unem-se.
O poema termina em poidog com a frase (formada por vários fios, palavra a palavra): "Words are like strings that I pull out of my mouth" (As palavras são como fios que puxo para fora da minha boca). As palavras provocam, mas as palavras curam. O seu sentido e função é múltiplo e a percepção de cada uma delas pode variar conforme o contexto e as experiências de quem as ouve. Assim se podem criar as discussões e assim se podem resolver as mesmas.
De um modo divertido e simples, este poema aborda a complexidade da linguagem e do sentido. A interpretação é vista como algo inerentemente associado a ambos os conceitos anteriores e indissociável dos mesmos. Assim, os pequenos episódios que compõem esta história surgem como exemplos do processo de comunicação e do estabelecimento de ligações afectivas entre seres humanos.