terça-feira, dezembro 30, 2008

“eis os amantes”de Augusto de Campos

O poema “eis os amantes”de Augusto de Campos faz parte da série de poemas intitulada poetamenos, inicialmente publicada em 1953.
Toda história deste poema é estruturada na relação entre as cores primárias e as cores secundárias.
Ao longo dos seis poemas nos deparamos com um tema comum: a ausência da amada, a distância física e todas as sensações oriundas dessa separação. O próprio nome poetamenos já lança ao leitor os indícios dessa incompletude. Esse sentimento apresenta-se nos poemas pelo uso da cor. Entre as cores primárias (cores puras) e as secundárias (formadas a partir de duas cores primárias) constatam-se as relações de ausência, contraste e complementaridade.
O poema é formado por duas cores: o azul e o laranja (cor complementar). Essas cores representam no poema a figura do poeta e da amada. Eis os amantes possui eixo de força central, todo poema está alinhado a partir do centro da página. O tema revela a dialéctica que se expressa nas palavras que se fundem ou se separam.
A palavra é o corpo do outro, “cimaeu baixela” e o poema encena, espacial e cromaticamente, a fusão dos amantes. O poema é estruturado através do método de criação de “palavras-valises”(palavra que faz a ligação entre duas palavras).Esse procedimento, aliado à utilização das cores complementares, dá a sensação de fusão entre as palavras, assemelhando-se ao acto sexual entre os amantes, como o próprio nome do poema já diz.