segunda-feira, abril 02, 2007

O Tempo - linear e infinito (?)

Do ponto de vista da nossa civilização tecnológica, se há algo comum a todos os seres humanos, é uma mesma unidade temporal, uma vez que na nossa experiência ainda não foi materialmente reconhecida a possibilidade de temporalidades disjuntas. Ao contrário do que aconteceu, e acontece, em algumas civilizações mais rudimentares, temos uma noção linear do Tempo, percepcionado numa continuidade única de Passado --> Presente --> Futuro, como se nos dirigíssemos em direcção a algo, incerto. Esta dimensão de temporalidade contínua complementa-se com a dimensão cíclica base, de dias, noites e estações do ano, que se repetem progressivamente, transmitindo-nos a ideia de que o tempo é infinito. Existem sim, sem dúvida, diferentes temporalidades para cada indivíduo, com diversas linhas de acção alternativa, tal como Jorge Luís Borges procurou metaforizar em O Jardim dos Caminhos que se bifurcam.
Surge assim um dualismo temporal, universal, mas não absoluto, na medida em que, cientificamente, o futuro não está traçado.
É esta dimensão labiríntica presente na obra, com a capacidade combinatória de signos e símbolos que geram uma multiplicidade de significações, e na vida, com a proliferação constante de caminhos com que nos deparamos, de portas que se abrem umas a seguir às outras dependendo das anteriores, que constituem uma das grandes problemáticas individuais, comum também a todos nós, cidadãos da sociedade moderna.
Porém não se aconselha a reflectir demasiado sobre o infinito, pois tanto quanto se sabe, todos os que o fizeram enlouqueceram ...