… não havia nada. Ok, na realidade havia. Haviam os nossos pais, tios, primos… havia toda uma sociedade já construída, mas isso tiraria parte do dramatismo, e no que a este texto diz respeito (ao nosso plano pessoal) não havia de facto nada. Depois algo aconteceu. Uma pequena faísca surgiu no meio da escuridão e… ali estávamos nós. Toda uma estrada se ergueu perante nós, repleta de desvios prontos a moldar e a influir sobre a nossa existência. Tínhamos começado a caminhar para um destino que estava definido à partida (Não se enganem. Ninguém vai ficar para semente). Restava-nos saber como íam ser as coisas até lá.
É sobre isto que o Augusto de Campos reflecte no seu clip animado. Quem um dia nasceu, um dia vai ter que morrer. Não é por acaso que o clip começa a negro, e do negro começam a surgir as primeiras letras. (“a estrada é muito comprida” surge no princípio, e a analogia é relativamente simples – não é a primeira vez que a vida é comparada a uma estrada)
Também não é por acaso que as palavras se vão formando à medida que vamos interagindo, metáfora da nossa existência e de como nos vamos “criando” através das nossas acções (a própria discrepância entre os movimentos do rato, e os movimentos das palavras, pode ser entendido como um forma de mostrar que estamos longe de conseguir dominar as consequências das nossas acções).
No fim tudo se junta, e temos aquilo que somos. A soma de todas as decisões que alguma vez tomámos.
Que podemos concluir disto?... Bem… Viemos do nada… e vamos para o nada. Não sou nenhum génio da matemática (senão não teria vindo para letras), mas algo me diz que o resto é zero, independentemente do que tenhamos feito ou venhamos a fazer. E cada um tira daí as respectivas conclusões.