“The Loch Ness Monster Song” – O sentido submerso
O sentido vai muito para além do alfabeto conhecido. Isso fica claro depois de se ouvir a obra do escocês Edwin Morgan, “The Loch Ness Monster Song”.
Quem vê a obra pela primeira vez não pode evitar pensar que Edwin Morgan deixou o seu gato à solta por cima da máquina de escrever, e que tentou ficar conhecido por isso. A sequência de letras não forma palavras conhecidas, por isso é natural que o leitor menos habituado a obras experimentais, fique algo desorientado. Mas o mais persistente conseguirá ver para além das palavras. Conseguirá encontrar o sentido, não no texto em si (pelo menos não naquilo a que vulgarmente aprendemos a designar de texto), mas na obra como um todo.
O texto consegue, através de uma série sinais gráficos, levar o leitor, num primeiro momento, a reconhecer alguma da narrativa. (um ponto de interrogação do fim de uma sequência de letras, produz um efeito reconhecido quase universalmente).
Se a esse primeiro momento, acrescentar-mos a audição do texto, reparamos noutros aspectos do texto, devido ao facto do som ser, por si só, um construtor de sentido, capaz de estimular a imaginação do leitor de modo a fazer com que este encontre, não apenas sentido no texto, mas uma forma de visualizar a acção. E ao fim de alguns minutos de volta dos parágrafos, à primeira vista tão ilegíveis, começamos a entender as onomatopeias, e toda uma notação ao princípio tão distante, dando por nós a questionar a razão que terá levado o monstro a mergulhar de forma tão abrupta…
… Será que não nos percebeu? Ou pior… será que não nos quis perceber?