"Greve" de Augusto de Campos
Augusto de Campos, "discípulo" da poesia concreta, deu um novo fulgor à literatura e ao seu possível futuro, ajudando a desenvolver uma ligação entre o poeta e a tecnologia. Este tipo de poesia, é um desafio para quem a lê, dando ao leitor a oportunidade de decifrar a mensagem deixada pelo poeta.
"Greve" de Augusto de Campos, é um exemplo desta forma de expressão da poesia. Este poema é-nos apresentado com a palavra "greve" a vermelho, que vai aparecendo e desaparecendo, como se tratasse de um grito mecanizado, que vai e vem, que se repete exaustivamente. O vermelho, simboliza então, a luta dos grevistas, o sofrimento, a rebeldia. À frente da palavra que dá nome ao poema, apresentam-se 5 versos: " arte longa, vida breve/escravo se não escreve/ escreve só não descreve/ grita, grifa, grafa, grava/uma única palavra". Estes 5 versos, completam então o poema de Augusto de Campos, dão outra alma à "Greve". A greve, interpretada pelo autor como sendo uma arte, é dura e temível. Associa-a aos escravos, aos trabalhadores que não têm conhecimentos, que têm que se submeter às ordens do seu patrão. Contudo, apesar de uma greve ser dura, se calhar demasiado dura para tão poucos resultados, Augusto de Campos dá força à palavra, como se ela gritasse por si só, como se a palavra desse poder aos que não têm. Esta "única palavra", marcada a vermelho, é forte o suficiente para ser gravada nas mentes das pessoas, para que todo o seu fim, para que toda a sua luta não seja esquecida...