sexta-feira, outubro 31, 2008

Poesia Concreta - Augusto de Campos

À primeira vista, não passa de um poema dadaísta, mas para que possamos desvendá-la, a poesia concreta exige muito mais do que uma mistura de palavras soltas em um saquinho e retiradas aleatoriamente para formar algo totalmente sem sentido, sem contexto, sem poesia.
Iniciada na década de 50, a poesia concreta implica que a palavra vai além de um significado, multifacetada, suas sílabas nos mostra uma sonoridade que vai além de um tom. A materialidade, a forma do poema interage literalmente com as palavras, nos deixando assim, um tanto quanto confusos ao vermos algo diferente daquele código de leitura o qual nos é imposto e estamos acostumados. Dessa forma, o primeiro passo a seguir para “decifrarmos” a poesia concreta é sabermos qual código de linguagem utilizar, este, que para o concretismo, nunca é o mesmo, o que o torna ainda mais interessante, ficando nas mãos do leitor, sua própria forma de interpretação.

Analises:

coraçãocabeça

De Augusto de Campos, o poema Coração Cabeça, assim que deciframos seu código de leitura, nos passa a ideia de que o coração e a cabeça são totalmente opostos, como podemos ver na frase decifrada “meu coração não cabe em minha cabeça e minha cabeça não cabe em meu coração”. Apesar de opostas, a razão e a emoção complementam-se, e o poema mostra-nos isso ao ser apresentado como palpitações de um coração.

Tensão

Neste poema, também de Augusto de Campos, sentimos verdadeiramente uma grande tensão, visto que, ao iniciarmos a leitura do poema, pela forma relativamente normal, não conseguimos encontrar seu sentido, assim que deciframos seu código de leitura, o poema nos causa uma grande tensão por não nos permitir saber aonde começar e onde terminar.

eisosamantes

Neste poema, temos a inteira visão de um acto sexual entre dois amantes, desde o momento em que seus corpos unem-se, a partir de um desejo, nada mais além do que um desejo, até momento em que o “nós” intensifica-se com a ejaculação e a germinação.
O formato do poema acompanha as palavras que descreve todo o caminho desse acto sexual, palavras inicialmente separadas, cores diferentes representando ele e ela, depois unidas, misturadas.