Amor Escondido, Amor de Clarice...
"Amor" de Clarice Lispector é um conto que demonstra os conflitos psicológicos e crises de identidade que persistem até aos dias de hoje. A monotonia da vida e a homogeneização da mesma criaram muitas "Anas", pessoas que se prendem ao quotidiano e se conformam com uma vida sem interesses, sem fulgor.
Em "Amor", Clarice evidencia essa falta de emotividade na vida de Ana e no quão mórbida e sombria é essa vida. Ana deixa-se levar pelas lides domésticas, pelos seus afazeres, pelos seus deveres como mãe e mulher, tornando-se numa mulher sem chama, sem amor.
Num desses dias iguais a todos os outros, Ana quebra toda aquela vida de mulher feita por um instante. Ao ver um cego mascar a chiclete, ao deparar-se com os ovos partidos, ao reparar no olhar troçado e efusivo dos passageiros no autocarro, ao vislumbrar a beleza escondida do Jardim deixa-se destroçar e desintegrar. Ana lembra-se agora que o amor é sentimento, lembra-se que a vida não é tranquila e fixa, lembra-se que existem defeitos, lembra-se que existem pobres e ricos, que existem emoções, lembra-se que a vida é muito mais do que apenas existir.
Nesse momento agridoce, em que se sente enojada e fascinada, Ana apercebe-se das novas-velhas sensações, rompendo com os dias mecanizados que levava, onde era feliz sem o realmente ser, onde permanecia cega em relação aos defeitos.
Ana é uma de tantas outras pessoas, que prefere viver sem felicidade do que de forma incerta com amor. Essa garantia de uma vida sem oscilações, sem mau nem bom, sem feliz nem triste, uma vida sem sensações, tornou Ana numa pessoa que simplesmente existe. Esse amor que permaneceu escondido dentro dela, essa inquietação que Ana repudiava, apagou-se, abafado por um sopro, como aquele que acabou com "a pequena flama do dia"...
Em "Amor", Clarice evidencia essa falta de emotividade na vida de Ana e no quão mórbida e sombria é essa vida. Ana deixa-se levar pelas lides domésticas, pelos seus afazeres, pelos seus deveres como mãe e mulher, tornando-se numa mulher sem chama, sem amor.
Num desses dias iguais a todos os outros, Ana quebra toda aquela vida de mulher feita por um instante. Ao ver um cego mascar a chiclete, ao deparar-se com os ovos partidos, ao reparar no olhar troçado e efusivo dos passageiros no autocarro, ao vislumbrar a beleza escondida do Jardim deixa-se destroçar e desintegrar. Ana lembra-se agora que o amor é sentimento, lembra-se que a vida não é tranquila e fixa, lembra-se que existem defeitos, lembra-se que existem pobres e ricos, que existem emoções, lembra-se que a vida é muito mais do que apenas existir.
Nesse momento agridoce, em que se sente enojada e fascinada, Ana apercebe-se das novas-velhas sensações, rompendo com os dias mecanizados que levava, onde era feliz sem o realmente ser, onde permanecia cega em relação aos defeitos.
Ana é uma de tantas outras pessoas, que prefere viver sem felicidade do que de forma incerta com amor. Essa garantia de uma vida sem oscilações, sem mau nem bom, sem feliz nem triste, uma vida sem sensações, tornou Ana numa pessoa que simplesmente existe. Esse amor que permaneceu escondido dentro dela, essa inquietação que Ana repudiava, apagou-se, abafado por um sopro, como aquele que acabou com "a pequena flama do dia"...