“Tudo está dito” – Augusto de Campos
“Tudo está dito”, de Augusto de Campos, é um poema concreto que joga com a percepção humana da forma uma vez desconstrói o processo de funcionamento da língua.
Esta desconstrução deve-se em parte ao aspecto e construção do poema: este baseia-se numa sobreposição de duas cores, o preto e o branco, que assumem diferentes formas, consoante a cor a que o leitor dá relevo durante a sua leitura, em duas colunas, e a junção das letras. Toda esta construção do poema dificulta a leitura e interpretação por parte do leitor pois obriga-o a afastar-se do seu código de leitura dito “normal” e a interiorizar o novo código para conseguir interpretar a mensagem que o poema pretende transmitir.
Devido à complexidade do poema podemos afirmar que neste caso a produção do sentido é relativa uma vez que os leitores podem criar novos códigos de leitura e fazer interpretações diferentes, ou seja, o leitor pode afastar-se dos padrões de leitura e interpretação que o autor, quando criou o poema, pretendia transmitir.