O livro à distância de um clic
Com o advento de novas tecnologias era inevitável que houvesse um choque entre o moderno e o tradicional. Esse choque pode no entanto ser proveitoso para ambas as partes. Senão vejamos o caso do códice como o conhecemos desde o séc.III. Com a transposição de obras que conhecíamos tradicionalmente em papel para o meio digital passamos e ter disponível em qualquer lugar e a qualquer hora (desde que haja um computador por perto claro) qualquer obra de qualquer carácter. Esta possibilidade não deixa de ser fascinante e deveras democrática, tornando real o sonho racionalista da criação de uma biblioteca universal. O texto já não pesa, não tem dimensão física pelo que não se deteriora e pode a qualquer momento ser actualizado. Mas não é só na transposição para o meio digital que o livro fica a ganhar. Com o meio digital assistimos ao nascimento de novos tipos de literatura que até agora apenas podiam ser sonhadas e nunca postos em prática.
O texto já não é um estranho para o leitor. O leitor comanda a leitura e com isso comanda até por vezes a criação do próprio texto. Não se limita a ler e folhear, lê, cria, percorre caminhos, interpreta e quem sabe até sente agora mais do que antes o que o autor nos transmite.
Será que caminhamos para um mundo em que o livro em papel como o conhecemos está perto do fim? As vendas de livros nos últimos tempos parecem apontar o contrário. No entanto será inevitável que num futuro mais ou menos próximo por questões práticas se use cada vez mais o suporte digital. Em breve todos iremos ter Pocket Pc’s, PDA’s etc. e o papel ficará eventualmente para trás na corrida para o progresso. Enquanto noutros campos gosto de acompanhar as mudanças, confesso que em relação aos livros as luzes do progresso ainda me magoam um pouco a vista.