A leitura tem saídas...
Passando em revista alguns clips-poemas de Augusto de Campos, sinto-me tentado a dizer que a leitura não tem saída; a leitura tem saídas. Em "Sem Saída", Augusto de Campos sugere-nos de facto uma leitura de certa maneira fechada na semântica e na sua limitação física. Mas o que será de facto uma obra de arte, o que será aquilo que admiramos? Umberto Eco, num pequeno livro intitulado (se não estou em erro) "Porque devemos ler os clássicos", defende que uma obra de arte terá obrigatoriamente de conter em si a propriedade de plurissignificação. Assim, considerando qualquer tipo de escrita ou mesmo qualquer realização artística como uma obra de arte, estamos a admitir a abertura de significado. Esta abertura, no meu ver, vai concretizar-se em várias saídas, várias leituras, que podem ser pessoais, impessoais, do ponto de vista do autor, do ponto de vista do crítico, etc... E porque a abertura implica saída, várias aberturas (plurissignificação) implicam várias saídas. E sim, a leitura tem saídas...