Serralves - Exposição de Ernesto de Melo e Castro
Ao longo da exposição de Ernesto de Melo e Castro, "O Caminho do Leve", pudemos ver como ele une, de forma original, a palavra à imagem visual e auditiva. Logo na primeira obra que vimos ele transporta a sua poesia até às novas tecnologias, usando nela vários tipo de media. A obra consiste em 3 ecrãs, com a imagem esverdeada, nos quais vemos pessoas a andar de um lado para o outro, fechadas dentro de uma pequena sala e sem qualquer tipo de comunicação entre elas - nem sequer contacto visual. Ao mesmo tempo os únicos sons que se ouvem são telemóveis constantemente a tocar e pessoas a atender e a perguntarem insistentemente quem é, sem que obtenham qualquer tipo de resposta. Para mim esta obra pode ser uma alegoria da nossa sociedade. Um espaço exíguo, em que as pessoas não falam, não comunicam e andam apressadamente é comparável às ruas das grandes cidades em que todos se cruzam mas, de certa forma, ninguém comunica porque ninguém se conhece; o ensurdecedor som dos telemóveis , comparável a infinidade de barulhos que ouvimos quando vamos pela rua - carros, buzinas...
Também apreciei, especialmente, a outra parte da exposição em que o autor alia a poesia ao desenho - a palavra é escrita de forma a representar aquilo que ela própria designa.