O Corpo de Shelley Jackson
Em My Body, Shelley Jackson deixa-nos percorrer e partilha connosco a história que cada parte do seu corpo tem para contar. Trata-se de uma obra em jeito de reflexão sobre o seu corpo de mulher, em que revela as memórias do seu relacionamento com ele ao longo dos tempos, desde que era criança.
Escolhendo uma parte do corpo, é-nos contada a sua história, o seu desenvolvimento, através de analogias e referências à sua materialidade. Neste ponto, a autora relaciona-o com outra qualquer parte e daí vamos explorando o seu corpo, seja qual for o caminho, e vamos conhecendo muito mais do que a sua condição física.
É uma propriedade do hipertexto, a leitura multi-sequencial, que neste caso é brilhantemente aplicada. Não há uma hierarquia que distinga as partes do corpo, uma linearidade, como não a haverá para as recordações da autora.
Por isso, o hipertexto não retira unidade a esta obra, acrescenta-lhe, antes, características que outro meio não conseguiria potenciar.
Shelley Jackson descobriu, assim, o melhor meio para dar a conhecer a sua autobiografia mais íntima, para expor as suas descobertas, os seus desconfortos e as suas memórias.