Liberdade de Interpretação
"A liberdade de interpretação é inerente ao acto de leitura." O simples facto de sermos leitores implica, desde logo, uma interpretação daquilo que estamos a ler. Conscientemente ou inconscientemente, quando lemos um livro ou vemos uma obra de literatura digital, estamos a dar a nossa própria interpretação ao que lemos. A interpretação é por excelência um acto singular - o mesmo objecto de interpretação é imaginado de forma diferente por cada um de nós. Mas podemos nós considerar que a liberdade de interpretação é maior ou menor consoante o formato em que a obra nos é apresentada? Eu penso que sim. Quando lemos um livro, temos o papel, as palavras, as frases e toda uma imaginação que provém das ideias transmitidas por aquelas letras... Mas se estivermos a ler algo em formato digital, na minha opinião, essa imaginação é alargada e a nossa liberdade de interpretação é maior. Numa obra de literatura digital, além do texto em si, podemos ver ainda os mecanismos que o envolvem - quer sejam imagens, sons, movimentos, hiperligações, etc. E neste caso interpretamos não só o texto, como tudo o que o envolve. Aqui o autor transmite ideias e aguça a nossa imaginação não só através do texto, mas também através de operações interactivas programadas por meio do computador. A obra digital joga não só com a visão, através da leitura ( como no livro), mas também com outros sentidos, como a audição. É nesta perspectiva que considero a liberdade de interpretação mais expansiva nas obras em formato digital.