"Deseo Desejo Desire" - A multiplicidade do desejo
Três anipoemas eróticos é como Ana Maria Uribe define a sua obra, "Deseo Desejo Desire". A autora brinca com as letras, tornando-as as personagens dos poemas: aqueles que desejam e são desejados. Combinando a música e a animação, "Deseo Desejo Desire" é uma excelente demonstração de como se pode fazer arte fugindo às formas mais tradicionais.
"Deseo", o primeiro anipoema, inicia-se com uma sequência de movimentos de sedução algo rebeldes que visam suscitar o tal "deseo". A esta provocação responde-se com a imposição da força (possivelmente masculina), travando a tal sedução. No entanto, é quem impõe a força que aparece aqui como elemento fraco, pois não resistiu à sedução, deixando-se arrebatar pelo "deseo".
Segue-se "Desejo", em que a palavra aparece escrita com um tipo de letra que nos faz lembrar a Índia, sugerindo um desejo carnal e sexual, plasmado no famoso "Kama Sutra". O anipoema começa a um ritmo suave, com pequenos movimentos das letras. De repente tudo muda! Há uma súbita mudança de ritmo e os movimentos lembram o de uma centrifugadora, e a música passa a um registo ruidoso. É o "desejo" mais violento e selvagem, próprio do sexo.
Por último, em "Desire" assistimos ao tango, o inegável hino de quem deseja. O par de dançarinos segue passos quase geométricos e repetitivos, desejando-se, mas não podendo ceder, pelo menos enquanto a música não acabar (o que se torna dramático, visto esta durar infinitamente...). Este é o "desire" retraído, não pela sua falta, mas pela sua impossibilidade. Não podendo consumar o que sentem, o par condena-se a dançar eternamente, tocando-se, sem nunca se terem.