quarta-feira, fevereiro 22, 2006

bp Nichol, pome poem (1972, 1982)

O texto de bp Nichol interroga a natureza do poema. What is a poem? A poem is. O que é um poema? O próprio poema é a resposta a essa pergunta: a sua materialidade fonética é contígua à materialidade do corpo. O que o poema é, é-o dentro do corpo, da cabeça, dos dedos das mãos, dos dedos dos pés, do ventre, do coração, dos olhos, do nariz, dos ouvidos, dos lábios, da voz, da felicidade, da mágoa, do amor, do sopro. A repetição das palavras faz o corpo participar do ritmo da linguagem e vice-versa. A distinção entre meio e mensagem parece quebrar-se: o sentido das palavras está na matéria das palavras. O que o poema é, é dentro do corpo, participa da sua materialidade. O registo áudio acentua essa ideia de que o sopro do barro não se distingue do barro. Por outro lado, pode perguntar-se: o que é que aconteceu ao poema quando foi registado? Como é que o poema foi capturado pela gravação? Que corpo tem ele agora quando se transformou num registo acústico de ondas sonoras?