sexta-feira, maio 26, 2006

"Hegirascope", a hiperficção

Faz todo o sentido estudar esta obra por esta altura. Hegirascope é uma suma das principais características de uma leitura digital.
Trata-se de um texto que contém quatro ligações. Cada uma destas tem outras quatro ligações, e assim sucessivamente. Contudo, caso não seja o leitor a tomar a iniciativa de mudar de página, o temporizador do site encarrega-se de o fazer passados 30 segundos. Esta propriedade torna o texto digital independente do seu leitor, liberta-o da tomada de todas as decisões - o leitor pode escolher guiar ou deixar-se levar pela obra.
Hegirascope é, por estes e outros motivos, uma obra sobre a hiperficção. Não só pela forma como está organizado como também pelo conteúdo. Acima de tudo, faz-nos pensar sobre ela. E a hiperficção é um género ainda pouco divulgado.
Tentámos descobrir o porquê e a justificação mais plausível pareceu-nos ser a de que ainda não teve tempo suficiente para criar as suas próprias convenções e, consecutivamente, criar um legado de leitores. Mais. O Homem não tem, na hiperficção, a facilidade de não ter de organizar a história numa sequência lógica, tem de interferir na sua construção, mais do que na sua interpretação apenas. Com o rápido desenvolvimento dos meios digitais que tem vindo a ocorrer, parece-me, a situação acabará por mudar, tal como o nosso papel enquanto leitores.