quinta-feira, março 30, 2006

E - qui - li - brrrrrrr - iô

A ideia do autor é encontrar o ponto de equilíbrio. Para alcançar algo, passamos por experiências várias, nesta busca pelo equilíbrio, essas experiências poderão ser representadas pela forma muito diversificada como ele trabalha a sonoridade da palavra equilíbrio.
O autor começa por pronunciar lentamente "equilíbrio" - por que não interpretarmos isto como um momento calmo em que tenta entender que tipo de equilíbrio busca realmente? Ou o que significa equilíbrio? Depois começa a aumentar a voz, mistura sílabas, di-las de forma desordenada e num ritmo quase frenético. Parece também que gagueja...
Depois ouve-se o "brrrr...", prolongado e forte - lembrou-me de imediato um motor. No entanto é na letra I que situa mais intensivamente a sua linguagem. Fala os "iiiii..." de formas tão diferentes, que ouvimos vários sons da letra I, como se o I fosse uma cor a que atribuíssemos várias tonalidades. Umas vezes lembra-me um riso histérico, outras um riso irónico, etc. Também o som "ÔÔÔÔÔ..." - o autor brinca com todos estes sons. Embora não seja esse o objectivo do autor, mas sabendo que somos nós, público, que interpretamos a obra, atribuo também uma ideia infantil a todos estes sons - associo aos sons, sem sentido, que muitas pessoas fazem quando em contacto com um bebé, como que a tentar comunicar com ele... fez-me lembrar esse tipo de brincadeira, principalmente nas partes em que o autor fala mais rápido e soam apenas sons imperceptíveis. E ainda, num contexto infantil, o "ôôôô.." assemelha-se com a "voz" do famoso pai natal ...
O autor termina, mais uma vez, com a letra I, mas pausadamente, talvez cansado duma busca, quem sabe infrutífera, desse equilíbrio tão desejado...