quinta-feira, abril 05, 2007

O Fim do Caminho


O conto de Jorge Luis Borges, O Jardim Dos Caminhos Que Se Bifurcam e o poema de Augusto de Campos, Sem Saída, são, de certa forma, análogos.
Ambos reflectem sobre a mesma ideia de labirinto, da enorme encruzilhada de caminhos possíveis de serem tomados ao longo do percurso existencial mas que, no fundo, não têm saída.
Quanto a mim, denoto que surge aqui a dolorosa sensação de morte, a nostalgia, o fim do caminho, o fim da oportunidade de criar – sendo esta a actividade por excelência que alimenta os artistas – ou simplesmente o fim da oportunidade de continuar a viver. Quão terrível...
Apesar de elaboradas em suportes e com estruturas diferentes (sendo uma um conto impresso e outra um clip- poema, formado numa estrutura gráfica e digital díspar, o conteúdo destas obras abalam as consciências e mostram o sentimento dos autores, nomeadamente de Augusto de Campos, quando nos seus últimos anos cria este poema, composto por várias expressões que retractam o que repousa na sua memória e as reflexões que o atormentam: “Não posso voltar atrás”, “Não posso mais adiar”, “O caminho é sem saída”.
Este é um tema que impressiona qualquer leitor enquanto ser humano, que não deixa de ser semelhante ao artista nas suas preocupações, medos e claro, no seu fim.